Neurorretinite: Entenda Essa Inflamação Ocular que Pode Comprometer Sua Visão!
- Dr. Ever Rodriguez
- 8 de jun.
- 4 min de leitura
A Neurorretinite ou Neuroretinitis é uma inflamação rara, mas significativa, que afeta simultaneamente o Nervo Óptico e a Mácula, região central da retina responsável por detalhes visuais, leitura e reconhecimento facial. A condição se caracteriza por um quadro súbito de perda visual, geralmente unilateral, com o achado clássico de exsudatos em estrela macular. Embora muitas vezes confundida com a neurite óptica, trata-se de uma condição distinta com causas, manifestações clínicas e tratamento específicos.
Neste artigo, você vai entender: O que é Neurorretinite, Causas mais comuns, Sinais e sintomas, Diagnóstico e Tratamento e Quando procurar um oftalmologista.
O que é Neurorretinite?
A Neurorretinite é uma forma de inflamação do nervo óptico com envolvimento macular, que se manifesta por um quadro súbito de perda visual, geralmente unilateral com um sinal oftalmológico clássico: exsudatos em estrela na mácula.
Esse padrão ocorre quando há vazamento de fluido inflamatório na camada plexiforme externa da retina, criando um aspecto em "estrela" no fundo de olho. Essa lesão inflamatória pode ser desencadeada por infecções, doenças autoimunes ou causas desconhecidas.
Como a Neurorretinite Acontece?
A inflamação começa nos vasos sanguíneos do disco óptico, causando edema (inchaço) e vazamento de líquido para a retina adjacente. Esse líquido pode conter proteínas e lipídios, que se acumulam na camada plexiforme externa da retina, formando o padrão característico em estrela macular.
Esse edema e os exsudatos pressionam as células da retina, prejudicando sua função e levando à perda visual.
A origem da inflamação pode ser:
Invasão direta do nervo óptico por um agente infeccioso, como vírus (exemplo: herpes simplex)
Resposta autoimune, onde o sistema imunológico ataca as células do nervo e da retina após uma infecção
Quem Está em Risco?
Os principais grupos de risco para desenvolver neurorretinite incluem:
Indivíduos com imunossupressão (HIV, uso de imunossupressores).
Profissionais de saúde expostos a agentes infecciosos.
Pessoas com contato recente com gatos, principalmente filhotes.
Viajantes que visitaram áreas endêmicas.
Indivíduos com histórico recente de infecções virais.
Estudos apontam que a Bartonella henselae, agente causador da doença da arranhadura do gato, está associada a até 70% dos casos de neurorretinite infecciosa
Principais Causas da Neurorretinite
1. Neurorretinite Infecciosa
As infecções são as causas mais comuns, destacando-se:
Bartonella Henselae (doença da arranhadura do gato) causa mais prevalente.
Doença de Lyme.
Leptospirose.
Histoplasmose.
Herpesvírus (Vírus herpes simplex e zoster).
2. Neurorretinite Idiopática
Em muitos casos, nenhuma causa específica é identificada. Esse tipo é denominado Neurorretinite Idiopática, mais comum em adultos jovens e geralmente precedida por sintomas virais inespecíficos.
3. Neurorretinite Recorrente
Casos raros podem apresentar episódios recorrentes com risco de dano visual permanente. Nessas situações, investigações autoimunes e imunológicas são essenciais.
Sintomas da Neurorretinite
Os sintomas clássicos da Neurorretinite incluem:
Perda visual súbita, geralmente unilateral
Visão turva ou embaçada
Metamorfopsia (distorção da visão)
Disfunção da visão de cores
Escotomas centrais (áreas cegas no campo visual)
Importante: diferentemente da neurite óptica associada à esclerose múltipla, a neurorretinite não costuma causar dor ocular ao movimento.
Diagnóstico de Neurorretinite
O diagnóstico é baseado na avaliação clínica oftalmológica detalhada, incluindo:
Exame do Fundo de Olho
Edema do disco óptico
Exsudatos em estrela macular
Eventual descolamento seroso da retina peripapilar
Dr. Ever realizando exame de fundo de olho (Mapeamento de Retina)
Exames Complementares
Tomografia de Coerência Óptica (OCT): avalia espessamento retiniano e fluido sub/intraretiniano
Angiografia com Fluoresceína: detecta vazamento no disco óptico
Campimetria Visual: identifica escotomas
Testes laboratoriais específicos, conforme suspeita clínica (sorologias para Bartonella, VDRL, FTA-Abs, Toxoplasmose, ELISA para Lyme etc.)
Radiografia de Tórax ou Teste Tuberculínico (PPD) ou IGRA em suspeita de Tuberculose ou sarcoidose
O diagnóstico diferencial deve excluir Neurite Óptica Desmielinizante, Papiledema e Uveítes
Tratamento da Neurorretinite
O tratamento depende da causa subjacente:
1. Neurorretinite Infecciosa
Antibióticos específicos, como azitromicina ou doxiciclina para Bartonella henselae
Antimicrobianos direcionados conforme o agente etiológico identificado
2. Neurorretinite Idiopática
Muitas vezes resolve-se espontaneamente em semanas.
Em casos graves, podem ser utilizados corticosteroides orais ou intravenosos.
Episódios recorrentes podem exigir imunossupressores.
Importante: O tratamento precoce é essencial para minimizar o risco de sequelas visuais.
Prognóstico da Neurorretinite
O prognóstico é favorável na maioria dos casos. Cerca de 97% dos pacientes apresentam acuidade visual final igual ou maior que 20/40.
Contudo, episódios recorrentes ou associadas a complicações vasculares podem resultar em sequelas permanentes.
Quando Procurar um Oftalmologista?
Se você apresenta alterações visuais súbitas, como visão turva, pontos escuros ou manchas na visão, procure imediatamente um oftalmologista especializado em doenças inflamatórias oculares.
A neurorretinite pode ter um curso benigno, mas o diagnóstico precoce e o tratamento correto são fundamentais para preservar a sua visão.
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Responsável: Dr. Ever Ernesto Caso Rodriguez | CRM-SP: 160.376
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