Candidiase Ocular: Você sabia que Fungos também atacam os Olhos?
- Dr. Ever Rodriguez
- 25 de mai.
- 4 min de leitura
A Candidiase Ocular é uma infecção fúngica rara, mas potencialmente grave, causada principalmente pelo fungo Candida albicans. Embora menos frequente que outras infecções oculares, pode comprometer estruturas essenciais da visão, como a retina, resultando em complicações severas, como a perda visual irreversível.
Neste artigo, você vai entender de forma completa o que é a Candidiase Ocular, os principais fatores de risco, sintomas, diagnóstico, tratamento e, sobretudo, a importância do acompanhamento oftalmológico especializado.
O que é a Candidiase Ocular?
A Candidíase Ocular é uma manifestação ocular da Candidíase Sistêmica, uma infecção fúngica disseminada pela corrente sanguínea. Quando atinge os olhos, a infecção pode provocar uma inflamação grave da retina e/ou do humor vítreo conhecida como Endoftalmite Fúngica, com risco significativo de sequelas visuais.
Em geral, a Candidiase Ocular ocorre como uma complicação em pacientes imunocomprometidos, internados em UTI, com cateter venoso central, em uso prolongado de antibióticos ou que receberam nutrição parenteral.
Como se origina a Candidiase Ocular?
A Candidiase Ocular pode surgir de duas formas:
Endógena (via mais comum)
Ocorre quando a infecção se espalha hematogenicamente, principalmente em pacientes com:
Candidemia persistente
Imunossupressão (HIV, quimioterapia, transplantes)
Uso prolongado de cateteres venosos centrais
Segundo o Infectious Diseases Society of America (IDSA), cerca de 16% dos pacientes com candidemia desenvolvem envolvimento ocular.
Exógena (menos frequente)
Resulta de inoculação direta de Candida nos olhos, após:
Cirurgias Oftalmológicas
Traumas Oculares
Procedimentos Invasivos
Essa forma é mais relatada em países tropicais, com altas taxas de infecções fúngicas.
Importante: a maioria dos casos ocorre em pacientes hospitalizados e criticamente enfermos.
Principais Fatores de Risco para Candidiase Ocular
Diversos fatores aumentam a vulnerabilidade para a infecção:
Infecções fúngicas sistêmicas, especialmente Candidemia
Internações hospitalares prolongadas
Imunossupressão (HIV, quimioterapia, transplantes)
Cateter venoso central
Uso prolongado de antibióticos ou corticoides
Diabetes Mellitus descompensado
Cirurgias Oftalmológicas ou Traumas Oculares
Cirurgias Abdominais recentes
Neutropenia
Uso de drogas intravenosas
Estudos mostram que a infecção por Candida albicans está mais associada ao desenvolvimento de Candidiase Ocular do que outras espécies fúngicas.
Sintomas: Como Reconhecer a Candidiase Ocular?
Os sintomas variam conforme a extensão e localização da infecção. Fique atento com:
Visão borrada ou turva
Dor ocular
Fotofobia (sensibilidade à luz)
Vermelhidão nos olhos
Moscas volantes (manchas ou pontos móveis no campo visual)
Diminuição progressiva da acuidade visual
Atenção: Muitos pacientes com Candidemia podem apresentar Candidiase Ocular assintomática no início. Por isso, a avaliação oftalmológica é indispensável, mesmo sem sintomas visuais.
Como é feito o Diagnóstico da Candidiase Ocular?
O diagnóstico é realizado pelo Médico Oftalmologista Especialista em Uveítes ou Retina e Vítreo, com exames específicos, como:
Exame de fundo de olho (fundoscopia)
Permite visualizar lesões típicas na retina e vítreo.
Exames Complementares:
Retinografia:
Tomografia de Coerência Óptica (OCT): identifica alterações estruturais na retina.
Ultrassonografia ocular (modo B): útil quando há opacidade dos meios ópticos.
Angiografia com fluoresceína: detecta áreas inflamadas na retina.
Punção vítrea ou vitrectomia: coleta de amostras para coloração de Gram e cultura, essencial em casos graves.
Hemoculturas: para detecção de fungemia.
Diagnóstico Diferencial da Candidiase Ocular
Outras doenças podem simular ou coexistir com a candidíase ocular. É fundamental diferenciá-la de:
Endoftalmite Bacteriana
Retinopatia Diabética ou Hipertensiva
Linfoma intraocular (Linfoma vítreo-retiniano)
Uveítes infecciosas (Toxoplasmose, Sífilis, Tuberculose)
Hemorragia Vítrea
Uveítes Autoimunes
Um diagnóstico preciso evita tratamentos inadequados e melhora o prognóstico.
Tratamento da Candidiase Ocular: O que é mais eficaz?
O tratamento da Candidiase é sempre urgente e individualizado, dependendo da gravidade e extensão da infecção.
1. Antifúngicos Sistêmicos
O pilar do tratamento inclui antifúngicos como:
Anfotericina B (particularmente em casos graves);
Fluconazol (mais utilizado devido à boa penetração ocular e menor toxicidade);
Voriconazol (em casos refratários).
2. Antifúngicos Intravítreos
Administração direta de antifúngicos dentro do olho, indicada em casos severos ou resistentes à terapia sistêmica.
3. Cirurgia: Vitrectomia Posterior
Indicada para:
Remoção do humor vítreo infectado.
Redução da carga fúngica intraocular.
Prevenção de complicações como descolamento de retina.
A combinação de terapia sistêmica e local é frequentemente necessária para um desfecho favorável.
Prognóstico: A Importância do Diagnóstico Precoce
O prognóstico da Candidiase Ocular depende diretamente da rapidez no diagnóstico e início do tratamento. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, muitos pacientes podem preservar a visão.
Porém, atrasos no diagnóstico aumentam o risco de complicações como:
Descolamento de retina
Atrofia retiniana
Cegueira irreversível
A Importância do Acompanhamento Oftalmológico
Em pacientes com Candidemia ou fatores de risco, a Avaliação Oftalmológica deve ser realizada idealmente nas primeiras 72 horas após a confirmação da infecção sistêmica, mesmo na ausência de sintomas.
Essa conduta reduz significativamente o risco de progressão para formas graves da doença.
Conclusão: Candidiase Ocular Exige Atenção Imediata
A Candidiase Ocular é uma infecção rara, mas potencialmente devastadora. Sua identificação precoce e tratamento adequado são decisivos para preservar a visão e prevenir complicações.
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Responsável: Dr. Ever Ernesto Caso Rodriguez | CRM-SP: 160.376
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