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Toxocaríase Ocular: O Parasita Microscópico Que Pode Causar Cegueira

  • Foto do escritor: Dr. Ever Rodriguez
    Dr. Ever Rodriguez
  • 20 de abr.
  • 6 min de leitura

A Toxocaríase é uma infecção causada por vermes intestinais de cães e gatos, que pode afetar vários órgãos do corpo humano, inclusive os olhos, gerando a Toxocaríase Ocular. Essa doença afeta principalmente crianças e, se não for identificada a tempo, pode levar à perda permanente da visão.

Neste guia completo, você vai entender tudo sobre a Toxocaríase Ocular, o que é, como ocorre a infecção, sintomas, diagnóstico, tratamento e como se proteger especialmente no caso de crianças, que são as mais vulneráveis.


Toxocaríase Ocular: O Parasita Microscópico Que Pode Causar Cegueira
Toxocaríase Ocular: O Parasita Microscópico Que Pode Causar Cegueira

O que é Toxocaríase?

A Toxocaríase é uma zoonose ou seja, uma doença transmitida de animais para humanos causada pelas larvas dos parasitas Toxocara canis (presente em cães) e Toxocara cati (presente em gatos).

Os humanos não se infectam pelo contato direto com os animais, mas sim através das fezes contaminadas, especialmente de filhotes. Em cães de 2 a 6 meses, a taxa de contaminação por Toxocara canis pode chegar a 80%. Em cães com mais de um ano, esse número cai para 20%.


Como o ser humano se infecta com Toxocara?

A infecção ocorre quando a pessoa ingere acidentalmente os ovos do parasita, ao colocar as mãos sujas na boca ou consumir alimentos contaminados, como frutas e verduras mal lavadas. É importante destacar que o contato direto com os animais não causa a infecção.

Os ovos, ao entrarem no corpo humano, liberam larvas microscópicas, que migram pela corrente sanguínea e podem se alojar em diversos órgãos — inclusive nos olhos.


Como a Toxocaríase afeta o Corpo Humano?

Após a ingestão, os ovos eclodem no intestino humano, liberando larvas microscópicas. Como não conseguem completar seu ciclo nos humanos, essas larvas migram por diferentes órgãos, provocando reações inflamatórias graves.

As manifestações clínicas variam conforme o local atingido:

  • Toxocaríase visceral (Larva migrans visceral): afeta fígado, pulmões ou sistema nervoso.

  • Toxocaríase ocular (Larva migrans ocular): afeta exclusivamente os olhos, podendo ocorrer sem sintomas em outros órgãos.


Como a Toxocaríase afeta os Olhos?

Na Toxocaríase Ocular, a larva atinge o globo ocular através da corrente sanguínea. Ela provoca inflamação na retina e nas estruturas internas do olho, especialmente na região posterior (coroides e retina). Essa inflamação se manifesta de três formas principais:

1. Granuloma Central (25%–46% dos casos)

  • Afeta a área central da retina (mácula), fundamental para a visão de detalhes.

  • Pode causar perda significativa da visão central

  • Aparece como uma mancha branca esbranquiçada que evolui para uma massa inflamatória

2. Granuloma Periférico (20% a 40% dos casos)

  • Atinge a parte mais periférica da retina

  • Pode ser assintomático inicialmente, mas ainda assim provocar alterações visuais e complicações.


    Granuloma Periférico por Toxocaríase Ocular
    Granuloma Periférico por Toxocara

3. Endoftalmite Crônica (25% dos casos)

  • Forma mais grave, com inflamação difusa em todo o interior do olho.

  • Pode gerar descolamento de retina, catarata, atrofia do nervo óptico e levar à cegueira.


Sintomas da Toxocaríase Ocular

A Toxocaríase Ocular geralmente afeta apenas um dos olhos. Os sintomas variam conforme a área atingida e a intensidade da inflamação.

Os principais sintomas incluem:

  • Visão embaçada ou turva, que não melhora com óculos

  • Perda parcial ou total da visão em um olho

  • Pontos escuros ou manchas flutuantes (moscas volantes)

  • Dor leve ou sensação de pressão no olho

  • Vermelhidão ocular discreta

  • Reflexo branco na pupila (leucocoria), pode lembrar retinoblastoma

  • Estrabismo (olho desviado)

  • Fotofobia (sensibilidade à luz)

Importante: É comum o paciente não relatar dor intensa, o que pode atrasar o diagnóstico.


Quem Está em Maior Risco?

A Toxocaríase Ocular afeta principalmente crianças entre 2 e 10 anos, especialmente aquelas que:

  • Brincam em caixas de areia, jardins ou terrenos baldios

  • Têm contato com animais não vermifugados

  • Costumam colocar mãos sujas ou objetos na boca

  • Vivem em áreas com saneamento básico precário

Adultos também podem ser infectados, mas com menor frequência.


Epidemiologia da Toxocaríase Ocular

  • Estados Unidos: Soropositividade caiu de 13,9% (1988–1994) para 5,1% (2011–2014).

  • Outros países: A soroprevalência global varia de 2,4% a 76,6%, chegando a ultrapassar 80% entre crianças em algumas regiões da Nigéria.

  • Perfil dos pacientes:

    • Idade média: 11,5 anos

    • Predomínio do sexo masculino

    • Histórico de contato com cães ou gatos em 69% dos casos.

    • Perda visual permanente em 70% dos pacientes afetados

Esse panorama reforça a importância do diagnóstico precoce e abordagem adequada, especialmente em populações pediátricas.


Diagnóstico da Toxocaríase Ocular

O diagnóstico é feito principalmente pelo Médico Oftalmologista Especialista em Uveítes, com base em:

1. Mapeamento de Retina (Fundo de Olho)

Permite visualizar diretamente o granuloma, lesões inflamatórias, vasos tortuosos ou áreas de tração vítrea.

2. Exames de Imagem

  • Ultrassonografia ocular: útil em casos com opacificação do vítreo ou catarata.

  • Tomografia de coerência óptica (OCT): permite avaliar detalhes da retina e do granuloma

3. Exames de Sangue

O exame de ELISA detecta anticorpos contra Toxocara. Pode ser falso-negativo em infecções restritas ao olho (sem envolvimento sistêmico).

4. Análise do Humor Vítreo (em casos selecionados)

Coletado durante cirurgia, pode detectar anticorpos intraoculares contra Toxocara, confirmando o diagnóstico.


Diagnóstico Diferencial da Toxocaríase Ocular

O diagnóstico diferencial é amplo e inclui condições que também causam leucocoria, inflamação ocular ou alterações vítreo-retinianas:

1. Retinoblastoma

  • Tumor intraocular mais comum na infância.

  • Geralmente diagnosticado antes dos 3 anos.

  • Apresenta-se como massa sólida com calcificações detectáveis à ultrassonografia modo B (hiperecogênicas com sombra acústica posterior).

2. Doença de Coats

  • Mais comum em meninos, unilateral.

  • Caracteriza-se por exsudação retiniana, dilatações aneurismáticas e telangiectasias.

  • A angiografia com fluoresceína evidencia anomalias vasculares localizadas.

3. Retinopatia da Prematuridade (ROP)

  • Aparece nas primeiras semanas de vida em prematuros.

  • Envolve vascularização periférica incompleta e formação de cristas ou neovascularização.

  • Estágios avançados (4 e 5) podem evoluir com descolamento de retina.

4. Persistência da Vasculatura Fetal Primária (PHPV)

  • Condição congênita detectada no primeiro mês de vida.

  • Cursa com leucocoria, catarata e haste fibrovascular do disco óptico ao cristalino.

  • O olho afetado é geralmente microftálmico.

5. Vitreorretinopatia Exsudativa Familiar (FEVR)

  • Herança autossômica dominante, com história familiar positiva.

  • Inclui descolamento de retina, vasos retinianos retilíneos e avascularização periférica.

6. Endoftalmite

  • Manifesta-se com edema palpebral, secreção, córnea opaca e exsudato vítreo.

  • Deve ser considerada, especialmente em casos agudos.

7. Hamartoma combinado da retina e epitélio pigmentado (CHRRPE)

  • Lesão elevada cinza no polo posterior, com membrana epirretiniana.

  • Na Tomografia de coerência óptica (OCT) mostra superfície hiperrrefletiva com sombra abaixo e sinal ômega (curvatura interna em forma de ômega).

9. Panuveíte Hiperaguda Sazonal (SHAPU)

  • Inflamação ocular unilateral, descrita exclusivamente no Nepal.

  • Início súbito em crianças saudáveis durante o verão/outono.

  • Apresenta-se com olho vermelho, reflexo pupilar branco, hipoion e pouca dor.

  • Evolução rápida e grave: dois terços evoluem para cegueira.

  • Tratamento inclui metilprednisolona intravenosa, corticoterapia oral, antibióticos tópicos e vitrectomia precoce.


Tratamento da Toxocaríase Ocular

O tratamento tem como objetivos controlar a inflamação, preservar a visão e evitar complicações. Ele deve ser sempre individualizado de acordo com a gravidade do quadro. As abordagens incluem:

1. Corticoides

  • Via oral ou injetável para reduzir a inflamação

  • Isoladamente podem ser eficazes em casos leves

2. Antiparasitários

  • Albendazol (principal escolha), pode por 20 a 30 dias

  • Geralmente combinado com corticoides

3. Cirurgia (Vitrectomia)

Indicada em casos com:

  • Descolamento de retina

  • Catarata secundária

  • Trações vítreas importantes

  • Opacidade vítrea com queda de visão


Prognóstico: a visão pode voltar ao normal?

O prognóstico depende de:

  • Tempo entre início dos sintomas e diagnóstico

  • Localização do granuloma (quanto mais periférico, menor o risco de perda visual)

  • Presença ou não de complicações como descolamento de retina ou catarata

Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, muitos pacientes mantêm boa visão. Mas quando há comprometimento da mácula (área central da retina), a perda visual pode ser irreversível.


Como prevenir a Toxocaríase Ocular?

A prevenção é o melhor caminho. Algumas atitudes simples fazem toda a diferença:

Cuidados com os animais:

  • Vermifugar cães e gatos regularmente

  • Levar os pets ao veterinário para controle parasitário

  • Não permitir que animais defequem em áreas públicas

Cuidados com as crianças:

  • Lavar as mãos após brincar ao ar livre ou antes das refeições

  • Evitar que crianças brinquem com terra ou areia sem supervisão

  • Ensinar bons hábitos de higiene desde cedo

Cuidados com o ambiente:

  • Recolher e descartar corretamente as fezes dos animais

  • Lavar bem frutas e vegetais

  • Manter caixas de areia cobertas quando não estiverem em uso


Conclusão: A Toxocaríase Ocular pode ser silenciosa, mas pode ser evitada

A toxocaríase ocular é uma infecção silenciosa e potencialmente grave, que pode causar cegueira permanente em crianças e adultos. Felizmente, com educação, higiene e cuidado com os animais, essa doença pode ser prevenida.

Se você ou alguém da sua família apresenta perda de visão repentina em um olho, principalmente se houver contato com animais ou solo contaminado, procure imediatamente um oftalmologista. O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença!


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Responsável: Dr. Ever Ernesto Caso Rodriguez | CRM-SP: 160.376

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