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Manifestações Oculares da Toxoplasmose: Guia Completo para Diagnóstico e Tratamento Baseado em Evidências

  • Foto do escritor: Dr. Ever Rodriguez
    Dr. Ever Rodriguez
  • há 12 minutos
  • 6 min de leitura

A Toxoplasmose Ocular é a principal causa de inflamação infecciosa da retina (coriorretinite) em todo o mundo, sendo uma condição que, se não tratada adequadamente, pode levar a sequelas visuais permanentes. Causada pelo parasita Toxoplasma gondii, essa manifestação oftalmológica é um tema de extrema relevância na saúde pública e na prática clínica devido ao seu impacto direto na qualidade de vida e na visão. As Manifestações Oculares da Toxoplasmose variam desde quadros típicos Retinocoroidite  até apresentações graves e atípicas.


Neste artigo, exploramos em profundidade as Manifestações oculares da Toxoplasmose, desde o diagnóstico até as abordagens de tratamento mais modernas baseadas em evidências cientificas.

Manifestações Oculares da Toxoplasmose: Guia Completo para Diagnóstico e Tratamento Baseado em Evidências Cientificas
Manifestações Oculares da Toxoplasmose: Guia Completo para Diagnóstico e Tratamento Baseado em Evidências

O Que é a Toxoplasmose Ocular?

A Toxoplasmose é uma infecção sistêmica causada pelo parasita Toxoplasma gondii. Embora a maioria das pessoas infectadas (indivíduos imunocompetentes) permaneça assintomática, o parasita tem a capacidade de formar cistos inativos em diversos tecidos, incluindo o tecido nervoso e a retina.


A Toxoplasmose Ocular ocorre quando esses cistos, localizados primariamente na retina e na coroide (membrana vascular subjacente), se rompem. A ruptura libera o parasita em sua forma ativa (taquizoítos), desencadeando uma intensa resposta inflamatória que causa a lesão característica da doença: a retinocoroidite. 


As formas de aquisição são tipicamente:

  1. Toxoplasmose Congênita: Transmissão da mãe para o feto durante a gestação. É a forma mais grave, frequentemente associada a grandes cicatrizes retinianas e grande parte dos casos com sequelas visuais significativas.

  2. Toxoplasmose Adquirida: Geralmente ocorre pela ingestão de alimentos ou água contaminados com oocistos do parasita, ou carne crua/malcozida contendo cistos teciduais.


🚨Sintomas Comuns da Toxoplasmose Ocular

  • Baixa Acuidade Visual (Visão Embaçada): É o sintoma mais frequente, resultante da inflamação da retina e do acúmulo de células inflamatórias no humor vítreo.

  • Moscas Volantes (Floaters): O paciente percebe pontos ou filamentos escuros "flutuando" no campo de visão, causados pelas células inflamatórias no vítreo.

  • Dor e Fotofobia (Sensibilidade à Luz): Sinais de inflamação associada no segmento anterior do olho (uveíte anterior).


🔍Principais Manifestações Oculares da Toxoplasmose

As manifestações da Toxoplasmose Ocular podem variar amplamente, dependendo da localização e extensão da inflamação. A seguir, uma revisão completa e estruturada das apresentações clínicas.


  1. Retinocoroidite Ativa

O sinal patognomônico da Toxoplasmose Ocular é a Retinocoroidite focal ativa, que se apresenta no exame de fundo de olho como uma área de inflamação retiniana esbranquiçada e necrosante, muitas vezes adjacente a uma cicatriz retinocoroidiana antiga e pigmentada (lesão reativada).


2. Formas Atípicas e Complicações da Toxoplasmose Ocular

O diagnóstico torna-se desafiador quando a toxoplasmose ocular se manifesta predominantemente como papilite, sem os sinais retinocoroidianos clássicos. A presença de lesões esbranquiçadas inflamatórias no disco óptico, frequentemente associadas a vitrite, aumenta a suspeita clínica.


2.2. Retinite Punctata Externa

A Retinite Punctata Externa (Punctate Outer Retinal Toxoplasmosis - PORT) é uma apresentação rara e atípica, caracterizada pela presença de múltiplos pontos esbranquiçados e profundos nas camadas externas da retina e no epitélio pigmentar da retina, associadas a mínima inflamação vítrea.


2.3. Neovascularização Subretiniana

A Neovascularização Sub-retiniana pode ocorrer como complicação da Retinocoroidite por Toxoplasmose Ocular.

A evolução clínica é variável:

  • Em alguns casos, a Neovascularização regrede espontaneamente após o controle da inflamação.

  • Em outros, as Membranas Neovasculares persistem ativas e o tratamento com Anti-VEGF intravítreo tem mostrado excelente resposta, promovendo a regressão da membrana e rápida melhora da inflamação.


2.4. Oclusões Vasculares da Retina

As Oclusões Vasculares Retinianas são complicações importantes e menos comuns da Toxoplasmose Ocular. Elas podem afetar Veias ou Artérias e geralmente ocorrem em associação direta com áreas de Retinocoroidite ativa.

Estudos mostram que os vasos acometidos tendem a estar:

  • Sobre a área de retinocoroidite ativa, ou

  • Em regiões adjacentes ao foco de Retinocoroidite.

A angiografia fluoresceínica é o exame de escolha para confirmar o tipo de oclusão, identificar áreas de isquemia, orientar condutas terapêuticas.


2.5. Membranas Epirretinianas (MER)

As MER podem surgir após episódio prolongado de vitrite, aderindo-se a áreas de Retinocoroidite ativa ou cicatricial. Essas membranas podem causar tração retiniana, rupturas periféricas, tração vitreomacular, metamorfopsias e edema macular.

Em casos selecionados, a vitrectomia com remoção da Membranas Epirretinianas (MER) oferece boa recuperação visual.


2.6. Descolamento Regmatogênico ou Tracional de Retina

Rupturas retinianas podem ocorrer próximas a áreas de Retinocoroidite ativa ou cicatricial. Após períodos de vitrite intensa, bandas de tração vítreo-retiniana também podem levar a descolamentos tracionais.


Curso Clínico e Prognóstico da Toxoplasmose Ocular

A Toxoplasmose Ocular é uma doença recorrente. O risco de recidiva é elevado.

  • 79% dos pacientes apresentam recorrência em até 5 anos.

  • Tempo médio entre crises: 3 anos, mas pode variar entre 2 meses e 25 anos.

  • 15% das recorrências acometem o olho contralateral.


Toxoplasmose congênita – evolução a longo prazo

Em estudos com seguimento de 25 anos:

  • 31% desenvolveram novas lesões apesar do tratamento.

  • Sem tratamento, a taxa de novas lesões sobe para 72%, com alta proporção de lesões centrais (52%).


🔬Diagnóstico e Acompanhamento: Tecnologia a Serviço da Visão

O diagnóstico preciso da Toxoplasmose Ocular exige a combinação de alta Especialização Médica e o uso de tecnologia de ponta.

  • Mapeamento de Retina (Fundoscopia): É o exame essencial, realizado pelo Médico Oftalmologista especialista em Retina e Uveíte para identificar a lesão ativa e as cicatrizes antigas.

  • Tomografia de Coerência Óptica (OCT): Tecnologia não invasiva crucial para o acompanhamento. O OCT permite detectar e quantificar o edema retiniano e a presença de descolamento seroso da mácula, fornecendo informações essenciais para monitorar a atividade inflamatória e a resposta ao tratamento.

  • Angiofluoresceinografia (AFG): A Angiofluoresceinografia (Angiografia Fluoresceínica) é crucial para confirmar a atividade inflamatória, especialmente em lesões precoces ou na borda de cicatrizes antigas, onde o diagnóstico pode ser difícil apenas pela fundoscopia.

  • Sorologia: Exames de sangue para detectar anticorpos IgG e IgM contra o Toxoplasma Gondii confirmam a exposição prévia ou a infecção recente.

  • PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): Em casos atípicos ou de difícil diagnóstico, a análise molecular (PCR) do humor aquoso ou vítreo pode confirmar a presença do DNA do parasita com alta especificidade.


💊 Protocolos de Tratamento Baseados em Evidências

O Tratamento da Manifestações oculares da Toxoplasmose visa eliminar os parasitas ativos (taquizoítos), controlar a inflamação e prevenir a perda visual. A escolha do protocolo depende da localização da lesão (especialmente se envolver a mácula) e do estado imunológico do paciente.


1. Terapia Sistêmica

O tratamento envolve uma combinação de antibioticos geralmente por 4 a 6 semanas.

  • Esquema Tríplice Clássico: Combinação de Pirimetamina, Sulfadiazina e Ácido Folínico.

  • Alternativas Modernas: 

    • Sulfametoxazol-Trimetoprim (SMX-TMP): 

      Estudos randomizados demonstram eficácia semelhante à Terapia Clássica com menos efeitos adversos. O SMX-TMP é a alternativa mais amplamente utilizada atualmente. Uma pesquisa recente (2022) entre especialistas em Uveíte indicou que 66,7% preferem o Trimetoprim-Sulfametoxazol oral como terapia de primeira linha em comparação com o esquema clássico, devido à melhor disponibilidade, custo e elevada segurança em pacientes não gestantes.

    • Clindamicina Sistêmica: 

      Estudos clínicos têm demonstrado a eficácia da Clindamicina sistêmica, seja como monoterapia ou associada à Pirimetamina e ao Ácido Folínico, representando uma opção terapêutica sólida, especialmente em casos com sensibilidade ou alergias.


2. Terapias Adjuvantes

Os corticosteroides (Prednisona) são frequentemente adicionados para controlar a inflamação, mas somente após o início da terapia antiparasitária para evitar a proliferação descontrolada do parasita.


3. Clindamicina Intravítrea:

  • Em casos refratários, graves (como em lesões maculares) ou em pacientes com intolerância à medicação oral a aplicação direta de Clindamicina e corticosteroides (Dexametasona) permite altas concentrações da droga no local da infecção, minimizando os efeitos colaterais sistêmicos.

4. Injeções Intravítreas de Anti-VEGF (Bevacizumabe, Aflibercepte, Ranibizumabe)

Para Neovascularização Subretiniana secundária, com ótimos resultados visuais.


5. Profilaxia de Recorrência

Profilaxia com TMP-SMX 3x/semana demonstrou ser eficaz na prevenção de recorrências por até seis anos após a descontinuação, reforçando seu papel crucial na prevenção a longo prazo da doença.


EYECO Oftalmologia: Referência no Tratamento da Toxoplasmose Ocular

Na Clínica EYECO Oftalmologia, somos referência nacional no Diagnóstico e Tratamento das Manifestações Oculares da Toxoplasmose. Nosso corpo clínico é liberado pelo Dr. Ever reconhecido internacionalmente, com produção científica ativa e ampla experiência em casos complexos.

Oferecemos:

  • Protocolos baseados nas mais recentes evidências científicas

  • Tecnologias modernas de última geração como a Tomografia de Coerência Óptica (OCT)

  • Acompanhamento personalizado, considerando riscos individuais de recorrência


Na Clínica EYECO, você será cuidado por quem Ensina, Pesquisa e Pratica Oftalmologia com Excelência.


Responsável: Dr. Ever Ernesto Caso Rodriguez | CRM-SP: 160.376

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