Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e Suas Manifestações Oculares: Guia Completo e Atualizado
- Dr. Ever Rodriguez
- há 5 dias
- 6 min de leitura
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma Doença Autoimune complexa e Multissistêmica, que pode comprometer gravemente diversos órgãos, inclusive os olhos. Embora seja mais conhecido pelas alterações cutâneas e articulares, o LES frequentemente causa manifestações oculares que podem afetar significativamente a qualidade de vida e a visão dos pacientes.
Neste artigo, você vai entender, de forma clara e completa o que é o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), como afeta os olhos, principais manifestações oculares, diagnóstico e tratamento, a importância do acompanhamento oftalmológico.

O que é o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)?
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma Doença Autoimune Crônica, caracterizada por uma resposta imunológica desregulada, na qual o sistema imunológico passa a atacar tecidos e órgãos saudáveis, provocando inflamação sistêmica e danos progressivos.
O LES apresenta uma ampla gama de manifestações clínicas e laboratoriais, o que torna seu diagnóstico e manejo complexos. Estima-se que cerca de 90% dos casos ocorram em mulheres, principalmente entre os 20 e 40 anos de idade.
Os sintomas do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) variam amplamente, mas os mais comuns incluem:
Fadiga intensa e persistente
Artralgia e mialgia (dores articulares e musculares)
Fotosensibilidade (sensibilidade exagerada à luz solar)
Pleurisia (inflamação da membrana pulmonar)
Febre inexplicada
Erupção malar ("asa de borboleta" no rosto)
Importante: 33% a 50% dos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) apresentam algum tipo de manifestação ocular ao longo da vida, variando desde quadros leves até complicações potencialmente ameaçadoras à visão, como a Retinopatia Lúpica.
O que Causa o Lúpus Eritematoso Sistêmico?
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) resulta da interação de fatores genéticos, hormonais e ambientais:
Genéticos: Mais de 40 loci associados à predisposição genética foram identificados.
Ambientais: exposição à radiação ultraviolea, infecções virais (como Epstein-Barr) e alguns medicamentos podem desencadear ou agravar a doença.
Hormonais: a predominância feminina sugere forte influência do estrogênio.
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é mais prevalente em mulheres afro-americanas e hispânicas.
Como o Lúpus Eritematoso Sistêmico Afeta os Olhos?
As manifestações oculares do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) podem envolver qualquer parte do olho, desde as pálpebras até o nervo óptico, e variam de quadros leves até complicações potencialmente ameaçadoras à visão. Estima-se que até um terço dos indivíduos com LES desenvolvam alterações oculares.
As principais condições oftalmológicas associadas ao LES incluem:
1. Ceratoconjuntivite Seca (Síndrome do Olho Seco)
A Ceratoconjuntivite Seca é a manifestação ocular mais comum, afetando até 25% dos pacientes com LES. Ocorre devido à inflamação das glândulas lacrimais e diminuição da produção de lágrimas, causando:
Sensação de areia ou ardência
Visão turva
Fotofobia
Desconforto ocular, especialmente ao final do dia
Diagnóstico:
Teste de Schirmer: avalia a quantidade lacrimal.
Coloração com colirios de fluoresceína: verifica a integridade da superfície ocular.
Tratamento:
Lágrimas artificiais e pomadas lubrificantes
Tampões lacrimais
Imunomoduladores tópicos: Ciclosporina, Tacrolimus ou corticosteroides em casos graves.
2. Retinopatia Lúpica: Um Risco Silencioso
A Retinopatia Lúpica é uma das complicações mais graves, com prevalência entre 3% e 29% dos casos.
Patogênese
A Retinopatia Lúpica ocorre por vasculopatia causada pelo depósito de imunocomplexos e/ou vasculite.
Tipos principais:
Microangiopatia: mais comum, caracterizada por hemorragias em chama de vela, exsudatos algodonosos e tortuosidade vascular.
Vasculite: inflamação intensa dos vasos retinianos, com risco de oclusões arteriais e venosas.
Vaso-oclusão severa: obstrução completa dos vasos, podendo causar isquemia retiniana e perda irreversível da visão.
Sintomas:
Visão embaçada
Escotomas (manchas escuras no campo visual)
Perda de visão periférica
Importante: A Síndrome Antifosfolipídica, frequente no LES, aumenta o risco de isquemia retiniana.
Tratamento:
Controle rigoroso do LES
Uso de Corticosteroides e Imunossupressores
Terapias Oculares: Injeções Intravítreas ou Fotocoagulação a Laser.
3. Outras Manifestações Oculares no Lúpus Eritematoso Sistêmico
Além da ceratoconjuntivite seca e da retinopatia, o LES pode causar outras condições oculares, como:
3.1. Neuropatia Óptica
Acomete cerca de 1% dos pacientes, podendo ser a manifestação inicial.
Provoca perda visual grave, às vezes irreversível.
Tratamento: corticosteroides sistêmicos.
3.2. Comprometimento Orbitário
Manifesta-se como Miosite (inflamatória dos músculos extraoculares) e Paniculite Orbitárias (inflamação do tecido adiposo).
Sintomas: proptose, ptose, edema palpebral, restrição dos movimentos oculares.
Diagnóstico: biópsia e avaliação sorológica.
Tratamento: imunossupressores.
3.3. Lesões Palpebrais e Cutâneas Periorbitárias
Eritema malar típico do LES pode acometer a região periorbitária
Lúpus discóide palpebral: Placas eritematosas elevadas e escamosas, com risco de cicatrização e madarose.
Tratamento: Corticoides tópicos e Antimaláricos orais, como hidroxicloroquina
3.4. Córnea
Pode ocorrer ceratite pontuada superficial, geralmente associada à Síndrome de Sjögren.
Casos raros de Ceratite Ulcerativa Periférica são descritos.
3.5. Episclerite e Esclerite
Episclerite: hiperemia ocular indolor, autolimitada.
Esclerite: condição grave, progressiva, podendo causar perda visual.
Prevalência de esclerite no LES: 2%, menor que na Artrite Reumatoide.
3.6. Iridociclite
Rara, pode se manifestar como hipópio e Uveíte Anterior.
Geralmente responsiva ao tratamento imunossupressor sistêmico
Como o Diagnóstico do LES é Feito?
O diagnóstico do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é complexo e exige a combinação de:
Critérios clínicos: sinais e sintomas característicos.
Exames laboratoriais, incluindo:
Anticorpos antinucleares (ANA ou FAN), com sensibilidade superior a 95%.
Anti-dsDNA e anti-Sm
Dosagem do Complemento sérico (C3 e C4)
Biópsias e outros exames específicos, dependendo das manifestações clínicas.
A Classificação mais atual é a da EULAR/ACR 2019, que utiliza um sistema de pontos cumulativos para estabelecer o diagnóstico de LES.
Quando há manifestações oculares, a avaliação oftalmológica torna-se indispensável. Os principais exames oftalmológicos incluem:
Avaliação Oftalmológica completa
Retinografia
Angiografia fluoresceínica
Tomografia de coerência óptica (OCT)
Tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico e de Suas Manifestações Oculares
O tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) visa Controlar a inflamação sistêmica; Prevenir danos orgânicos e Visuais; e Aliviar os sintomas.
O tratamento geralmente envolve uma combinação de:
1. Terapia Sistêmica
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)
Corticosteroides sistêmicos: para inflamação aguda.
Antimaláricos: como hidroxicloroquina, essencial na manutenção e prevenção de surtos.
Imunossupressores: como azatioprina, metotrexato ou micofenolato para casos graves.
Biológicos (Belimumabe e Rituximabe ) para casos refratários e severos
Antagonistas do Interferon (Anifrolumabe) para casos moderados a severos
2. Terapia Ocular
De acordo com a manifestação específica: uso de lubrificantes, imunomoduladores tópicos, ou procedimentos como Injeções Intravítreas ou Fotocoagulação a Laser.
Tratamento cirúrgico para alterações anatômicas palpebrais, quando necessário.
3. Medidas adicionais:
Evitar exposição solar: a radiação UV pode agravar a doença.
Evitar fumar
Acompanhamento regular com Reumatologista e Oftalmologista
Prognóstico e Cuidados Oftalmológicos no Lúpus Eritematoso Sistêmico
O prognóstico ocular depende do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento.
O acompanhamento regular com Médico Oftalmologista é indispensável.
Pacientes em uso prolongado de antimaláricos devem realizar exames oftalmologicos periódicos com OCT de Retina, Autofluorescencia e Campo Visual 10:2 para detecção precoce de Toxicidade Retiniana.
A detecção precoce de manifestações como Retinopatia ou Neuropatia Óptica pode prevenir cegueira irreversível.
Conclusão: A Importância do Diagnóstico Precoce e do Acompanhamento Oftalmológico no LES
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma Doença Autoimune que pode afetar diversos sistemas, incluindo os olhos. As manifestações oculares são comuns e podem ter um impacto significativo na visão e na qualidade de vida.
O diagnóstico precoce
O tratamento adequado
E o acompanhamento oftalmológico contínuo
São essenciais para prevenir complicações graves.
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