Glaucoma e Uveítes são duas condições oculares distintas, mas que podem interagir entre si, agravando a saúde dos olhos.
A uveíte pode levar ao desenvolvimento de glaucoma, conhecido como glaucoma uveítico. A inflamação e o tratamento da uveíte (especialmente com corticoides) podem aumentar a PIO, danificando o nervo óptico.
Entender as características, causas, sintomas e tratamentos dessas doenças é fundamental para a preservação da visão.
O QUE É GLAUCOMA?
Glaucoma é uma doença ocular que pode levar à perda de visão se não for tratada adequadamente. Ela ocorre quando há um aumento na pressão dentro do olho (Pressão Intraocular, ou PIO), danificando o nervo óptico. Esse dano pode comprometer o campo visual e, eventualmente, levar à cegueira.
O QUE É UVEÍTE?
Uveítes referem-se à inflamação da úvea, a camada média do olho, que inclui a íris, o corpo ciliar e a coroide. As causas da uveíte podem variar desde infecções, doenças autoimunes até traumas e exposições tóxicas. Os sintomas incluem dor ocular, vermelhidão, visão embaçada e sensibilidade à luz.
COMO A UVEÍTE PODE CAUSAR GLAUCOMA?
O glaucoma associado à uveíte, conhecido como glaucoma uveítico, pode surgir de duas maneiras principais:
A inflamação causada pela uveíte pode bloquear a drenagem do fluido ocular (humor aquoso), resultando em um aumento na pressão intraocular (PIO). Isso acontece porque a uveíte pode danificar a rede trabecular, a área responsável pela drenagem do fluido ocular. Quando essa rede é prejudicada, o fluido encontra maior resistência para sair, resultando em um aumento da PIO. Esse aumento da pressão pode causar danos ao nervo óptico, comprometendo o campo visual e potencialmente levando à cegueira.
Corticosteroides: Os medicamentos usados para tratar a uveíte, como os corticosteroides, podem elevar a pressão intraocular (PIO), aumentando o risco de glaucoma.
Assim, tanto a inflamação causada pela uveíte quanto o tratamento com corticosteroides podem contribuir para o aumento da PIO, elevando o risco de desenvolver glaucoma.
SINAIS E SINTOMAS:
Os sinais de glaucoma uveítico podem incluir:
Vermelhidão nos olhos
Visão turva
Dores de cabeça e náuseas
Sensibilidade à luz
Presença de "moscas volantes" ou halos ao redor das luzes
Esses sintomas podem variar em gravidade e devem ser prontamente comunicados ao oftalmologista.
IRIDOCICLITE HETEROCRÔMICA DE FUCHS
Caracterizada por inflamação leve, mudança de cor da íris, catarata e glaucoma.
Geralmente afeta apenas um olho e não responde bem aos corticosteróides, muitas vezes necessitando de cirurgia.
SÍNDROME DE POSNER-SCHLOSSMAN (CRISE GLAUCOMATOCICLÍTICA)
Ataques recorrentes de inflamação leve com aumentos significativos da PIO.
Tratada com corticosteróides e medicamentos para diminuir a PIO durante os ataques.
ARTRITE IDIOPATICA JUVENIL (AIJ) COM UVEÍTES ANTERIOR
Causa comum de uveíte em crianças, frequentemente levando a glaucoma induzido pela inflamação e pelo uso prolongado de corticosteróides.
Tratamento pode incluir implantes de drenagem de glaucoma, colirios hipotensores e controle da doenca de base (AIJ).
UVEÍTE ANTERIOR RELACIONADA AO HLA-B27
A espondilite anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crônica que pode causar sérias complicações, como a uveíte anterior. Esta inflamação ocular, presente em até 40% dos pacientes com EA, é frequentemente associada ao HLA-B27.
A uveíte anterior pode levar a sintomas como dor, vermelhidão e visão turva, e se não tratada, pode resultar em complicações graves, como glaucoma e catarata
UVEÍTE ANTERIOR CAUSADA POR VÍRUS DA FAMÍLIA HERPESVIRIDAE
A uveíte anterior causada por vírus da familia herpesviridae como: Herpes simples (HSV), Varicela-zoster (VVZ) e citomegalovírus (CMV) pode aumentar a pressão intraocular, bloqueando a drenagem do fluido ocular. Esse aumento de PIO pode causar glaucoma, que, sem tratamento, pode levar à perda de visão
SARCOIDOSE
A Sarcoidose é uma doença que afeta múltiplos sistemas do corpo, geralmente em pessoas entre 20 e 40 anos, sendo mais comum em mulheres.
Nos olhos, a sarcoidose pode levar ao aumento da pressão intraocular (PIO) por bloqueido da malha trabecular, aumentando a resistência ao fluxo do humor aquoso. Além disso, pode haver obstrução da drenagem do humor aquoso devido a granulomas e sinequias anteriores, levando ao glaucoma de ângulo fechado, que pode necessitar de tratamento cirúrgico.
SÍFILIS
Estima-se que 15% dos pacientes com sífilis desenvolvam ceratite intersticial (infiltração crônica do estroma da córnea), sendo 96% dos casos bilaterais. Cerca de 20% dessas pessoas podem desenvolver glaucoma secundário, que pode ser de ângulo aberto ou fechado.
SÍNDROME DE VOGT-KOYANAGI-HARADA (VKHS)
A VKHS geralmente se manifesta como uma inflamação granulomatosa bilateral dos olhos, acompanhada por alterações neurológicas e dermatológicas.
As manifestações oculares incluem uveíte anterior granulomatosa ou não-granulomatosa, precipitados na córnea, nódulos de Busacca e Koeppe. Em casos crônicos, pode haver formação de sinequias posteriores e membranas pupilares, levando ao glaucoma de ângulo fechado.
ESCLERITE
A esclerite é uma inflamação ocular que causa dor e acometer os segmentos anterior ou posterior do olho. Afeta pessoas entre 40 e 60 anos e pode levar ao aumento agudo da pressão ocular. Até 46% dos casos de esclerite posterior apresentam aumento agudo da PIO, podendo levar ao glaucoma de ângulo fechado
Esses são apenas alguns exemplos de condições que podem estar associadas ao glaucoma uveítico.
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO
O diagnóstico de glaucoma uveítico envolve uma série de exames e testes, incluindo:
Medição da pressão intraocular: para avaliar a pressão dentro do olho.
Exame de fundo de olho: para avaliar a saúde do nervo óptico.
Exame de campo visual: para detectar possíveis áreas de perda de visão.
Avaliação da inflamação ocular: para determinar a gravidade da uveíte e seu impacto na pressão ocular.
OPÇÕES DE TRATAMENTO
O tratamento do glaucoma uveítico pode envolver:
Medicamentos tópicos, como colírios, para controlar a inflamação e reduzir a pressão intraocular.
Medicamentos orais, em casos mais graves ou quando os colírios não são suficientes para controlar a pressão.
Procedimentos cirúrgicos, como implantes de drenagem, Goniocirurgia ou trabeculectomia, para casos refratários ao tratamento medicamentoso.
Tratamento da doença de base. O tratamento das uveítes inflamatórias envolve uma abordagem multidisciplinar e individualizada, adaptada às necessidades específicas de cada paciente e à gravidade da condição. Os paciente geralmente precisam usar medicamentos sistémicos como corticosteroides; imunossupressores convencionais (metotrexato, azatioprina, ciclosporina); agentes biológicos com anti-TNF (Fator de Necrose Tumoral), anti-CD20 e anti-IL (Interleucina); injeções intravítreas de medicamentos anti-inflamatórios ou antiangiogênicos.
O plano de tratamento será adaptado às necessidades individuais de cada paciente e pode exigir ajustes ao longo do tempo.
Importância do Acompanhamento Médico
É essencial manter consultas regulares com o o medico oftalmologista para monitorar a progressão da doença, ajustar o tratamento conforme necessário e prevenir complicações graves, como perda de visão permanente.
Na Clínica EYECO, contamos com médicos especialistas em UVEÍTES E INFLAMAÇÕES INTRA-OCULARES de renome nacional e internacional. Para nós, sua visão é primordial, e estamos aqui para ajudá-lo a cuidar dela da melhor forma possível.
Responsável: Dr. Ever Ernesto Caso Rodriguez | CRM-SP: 160.376
Faça seu agendamento via WhatsApp
Comments